terça-feira, 31 de maio de 2011

RODRIGO FROTA

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terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

RAIMUNDOdeMATOSePOLVORAePOESIA

Serei redundante: Pólvora e Poesia, é um espetáculo feito de elementos explosivos. Os elementos explosivos estão na vida dos dois personagens de que trata o texto, os poetas Paul Verlaine e Arthur Rimbaud, um e outro emitindo centelhas fulgurantes, tanto na poesia quanto na relação apaixonadamente passional, outra redundância, que leva ao desfecho superlativamente teatral, muito bem explorado pelo dramaturgo Alcides Nogueira.


Tomando o material do dramaturgo e declarando-se um crente no “teatro do texto e do ator”, Fernando Guerreiro não nega sua declaração registrada no programa da peça. Assim, constrói o espetáculo dando suporte cênico para que os dois atores, Talis Castro (Rimbaud) e Caio Rodrigo (Verlaine), realizem aquilo que se espera de dois intérpretes que escolhem estar em cena com um texto tão explosivo quanto Pólvora e Poesia. Explosivo não somente por se tratar da história de uma relação homossexual que termina infernal para os dois amantes, mas, sobretudo pela densidade humana que se desprende do encontro dos dois homens, tradutores em si do apolíneo e do dionisíaco. Contenção e desregramento vão se mesclando e o que se vê é a descida ao mais profundo da alma humana. Espírito que quer se ver livre das amarras que a vida e que arte por vezes impõem. Transfiguração é o que se vê em cena. E Guerreiro sabe explorar os contornos da relação e expandindo-lhes os limites para nos dizer aquilo que o texto tem de melhor: amar é uma viagem transformadora para quem quer enfrentar de fato os caminhos de Eros.

No belo espaço da igreja da Barroquinha, um lugar ainda não explorado com a dignidade que merece, Rodrigo Frota cria uma sólida mesa que se desmorona logo após o início do espetáculo, dando-nos uma pista para entrarmos no mundo socialmente seguro do cidadão e artista Verlaine. Mundo que se desequilibra e rui ao contato com o mundo selvagem de Rimbaud, infante terrível. O módulo cenográfico com seus significado é completo por duas cadeiras e alguns poucos e necessários objetos que não desviam a atenção do conflito que se estabelece e cresce em cena. Nem mesmo a potente trilha sonora, um longo solo de guitarra executada ao vivo pelo seu criador Juracy Do Amor (belo nome), retiram o interesse do que acontece. Creio que tudo se dá pelo fato de que a organicidade dos elementos está posta a serviço de um todo que se amplia nas atuações de Rodrigo e Castro.

O vigor da encenação é visível no embate emocional e físico, este mais forte que o primeiro. Tal observação não diminui a qualidade dos dois intérpretes, mas vejo como um pequeno ruído em encenação tão eficaz. Por vezes, a intensidade emocional se mostra pelo grito, principalmente no trabalho de Caio Rodrigo, um ator mais experiente. Gritasse menos, sua interpretação ganharia mais densidade. Talis Castro mostra-se seguro, mas ainda não domina os rigores do ofício. Assim, resolve parte do seu trabalho cênico também no grito. Tanto um como o outro se dão melhor quando contidos expressam a tormentosa gama de sentimentos que caracterizam os personagens e sua problemática. Um maior aprofundamento emocional faria do trabalho dos atores um momento iluminador, como é o trabalho físico (ao separá-los, não considero um e outro apartado; as ações físicas são decorrentes das emoções). A intensidade do jogo corporal remet palco para o ringue. O embate é forte e impactante fazendo com que os corpos desenhem belas imagens no espaço, impregnando a cena de energia, suor, mas nenhuma lágrima. A cena da trepada, um ato de amor e volúpia selvagens, condizente com tema, completa a poesia derramada na cena pelo encenador.

Noção de tempo e ritmo é o que não falta da encenação transcorrida sem tempos mortos, mas com pausas necessárias que dão repouso a ação, logo intensificada pela trama que corre pulsante como a relação entre os personagens.

Pólvora e Poesia é uma realização e tanto. Luz bem concebida, figurino quase perfeito (descartando o horrível sapato de Verlaine) e preparação corporal e coreográfica comprovam a capacidade dos profissionais em realizar as demandas estéticas do encenador.

O espetáculo merece ser visto. Que o público não desanime com a localização do teatro. Sei que o Centro de Salvador depois da 18:00h é assustador, mas ali, nas proximidades do Cine Glauber Rocha - Unibanco, a barra é menos pesada. Há sempre uma dupla de policiais e os seguranças do cinema dão suporte, suponho. Pela lateral do Cine, o acesso a igreja da Barroquinha é tranquilo.

Ainda que Verlaine tenha dito uma dia a propósito de Rimbaud que era a "vida inimitável", Pólvora e Poesia com suas qualidades estéticas potencializa a vida, aquela que é teatral e por isso nos entontece como um bom vinho, sem que percamos a capacidade de apreciá-lo. Assim é como o bom teatro.

cenadiaria.blogspot.com


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quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

DEir

Te vejo ir embora
palpite latente
acompanhado de um frio na barriga... do soco na boca, estômago
possilidade de nada a fazer
silêncio...
durmo os sonhos vazios
acordo no esquecimento
e passos os dias a espera do nada
das horas...
da chuva...
que ela caia e que junto ao vento
me levem...
para qualquer lugar....

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quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

ASSASSINOdeMIM


A vocação de assassino
daquele do ato torpe
com a fraqueza de apagar, de desferir
de ferir...

sou mais a coragem dos suicidas
a forca de matar em si e para si

com as maos sem tônus...
esfaqueio levemente minhas lembraças
atiro sem mira na falta
engulo em doses cavalares a realidade...

e escorro no chao
deitado
indo embora com tudo que nao sai de mim...

sem a vocação de assassino
sem a coragem dos suicidas
envolvo o meu amor nos braços
vou para campo aberto
e rezo o manual dos homens bombas...

chovo... para me assassinar aos poucos
me entrego ao suicidio da alma
sem conseguir nunca emergir meus pes do sangue,
nem que a chuva os limpe.

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